A Polícia Federal (PF) divulgou nesta quinta-feira (4) que doze vereadores de Florianópolis e dez empresários foram indiciados por suspeita de participação em recebimento de propina e corrupção para aprovar mudanças no projeto de lei Cidade Limpa, que benificiaria empresários de publicidade. Segundo a PF, foram entregues aos parlamentares R$ 895 mil para modificar o projeto, que originalmente restringiria os outdores na cidade. Depois do texto inicial alterado, o projeto de lei não foi aprovado.
Entre terça (2) e quarta (3), 16 empresários de publicidade e 16 vereadores da capital prestaram esclarecimentos na sede da Polícia Federal na capital catarinense.
Nesta segunda parte do inquérito, foram indiciados os vereadores César Belloni Faria (PSD), Erádio Manoel Gonçalves (PSD), Tiago da Silva (PDT), Waldyvio da Costa Paixão Júnior (PDT), Marcelo Fernando de Oliveira (PDT), Deglabert Goulart (PMDB), Célio João (PMDB), Edinon Manoel da Rosa (PMDB), Edimilson 'Ed' Carlos Pereira Junior (PSB), Roberto Katumi Oda (PSB), Aldérico Furlan (PSC) e Dalmo Deusdedit Meneses (PP). Os nomes dos 10 empresários indiciados não foram divulgados. Até a manhã desta quinta, eles não haviam sido presos.
De acordo com a PF, quem comandaria o esquema de corrupção era o vereador Marcos Aurélio Espíndola (PSD), conhecido como Badeko, preso na operação que foi deflagrada no dia 12 de novembro. O empresário Adriano Nunes, preso no dia 21 de novembro, considerado braço direito de Badeko pela PF, era quem reunia os empresários e estabelecia as quantias a serem pagas aos vereadores.
Segundo a PF, cada vereador recebeu de R$ 5 mil a R$ 10 mil para aprovar a mudança no projeto de lei. Em um mandado de busca e apreensão na empresa de mídia visual de Adriano Nunes, documentos apreendidos comprovavam a quantia e indicação nominal aos vereadores. O PL não foi aprovado. Badeko realizou na Comissão de Viação, Obras Públicas e Urbanismo a alteração de 55 artigos iniciais por outros 75, o deixando parecido com um projeto de lei já em vigor desde 2010. O prefeito Cesar Souza Júnior vetou o projeto. O veto foi mantido no retorno à Câmara.
Vereadores prestaram esclarecimentos nesta semana e não foram indiciados: Guilherme Pereira de Paula (PSD) e Vanderlei Farias (PDT). Outros dois enviaram documentos que ainda são analisados pela PF, que podem ou não resultar em indiciamento. São eles Pedro de Assis Silvestre (PP) e Ricardo Camargo Vieira (PCdoB). O inquérito policial tem prazo legal de conclusão nesta sexta (5). O Ministério Público também tem até esta sexta para apresentar denúncia.
Ave de Rapina
De acordo com a PF, investigações comprovaram a existência de um esquema de corrupção em três órgãos: a Câmara de Vereadores, o Ipuf e a Fundação Cultural Franklin Cascaes (FSCF). Ainda conforme a Polícia Federal, mandados de busca e apreensão, de prisão e de condução coercitiva foram cumpridos na capital catarinense, em Joaçaba, no Oeste, e nas cidades gaúchas de Porto Alegre, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul e Flores da Cunha. No total, 15 suspeitos foram presos. Um foi solto em liberdade provisória na terça (2). O prejuízo estimado para os cofres públicos é de R$ 30 milhões.