Bahia, 28 de Março de 2024
Por: CNN Brasil
19/09/2022 - 06:05:05

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o país criou 100 mil empregos em 2020 e que a renda média dos brasileiros decaiu no período apenas entre os trabalhadores informais.

A declaração foi feita durante evento de inauguração da duplicação das rodovias BR-116 e BR-392, em 8 de abril.

De fato, o Brasil registrou um saldo positivo de novas vagas de emprego no período, se considerados apenas os trabalhadores formais, com vínculos trabalhistas, mas a declaração do presidente carece de contexto, pois 2020 também foi marcado pela maior taxa de desocupação da década, que também considera os informais.

Para uma pessoa ser classificada como desocupada, ela precisa ter idade para trabalhar (acima dos 14 anos) e estar à procura de uma ocupação, com disponibilidade para assumir o cargo. Na medição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em relação ao tema, tanto o trabalho formal quanto o informal são considerados.

O que Bolsonaro afirmou?

No ano mais difícil, 2020, tivemos a criação de 100 mil empregos ao final do ano. Não tivemos (aumento do) desemprego formal no Brasil. A perda de renda que houve foi no meio dos informais, também conhecidos como invisíveis, aqueles que foram obrigados a ficar em casa sem nenhuma renda.

Desocupação cresceu em 2020

Os 100 mil empregos aos quais o presidente faz referência foram registrados pelo relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) sobre 2020, que considera apenas o trabalho formal. Naquele ano, o Brasil teve um saldo positivo de 142.690 empregos com carteira assinada. Foram 15.166.221 admissões, ante 15.023.532 demissões.

É correto, portanto, dizer que não houve aumento de desemprego formal no Brasil. Mas a fala de Bolsonaro precisa de contexto para que a informação reflita a realidade do trabalho no país.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país atingiu naquele ano sua taxa mais elevada de desocupação na série histórica, iniciada em 2012.

O desemprego atingiu 14,9% da força de trabalho brasileira, que considera tanto o trabalho formal quanto o informal, entre julho e setembro de 2020.

De acordo com o instituto, um universitário que dedica seu tempo somente aos estudos e uma dona de casa que não trabalha fora, por exemplo, não contam como força de trabalho e, portanto, não engrossam as fileiras da desocupação. Uma empreendedora que possui seu próprio negócio e um empregado formalmente registrado, por sua vez, contam ― ambos possuem ocupação.

No apanhado do ano, houve oscilação de 12,4% a 14,9%. Em comparação, o maior índice de desocupação registrado em 2019 foi de 12,8%, de janeiro a março.

O país também registrou, em 2020, a média anual de 5,5 milhões de brasileiros desalentados. Essa condição diz respeito às pessoas que desistiram de procurar emprego devido à escassez de oportunidades em sua experiência, faixa etária ou localidade.

Na fala do presidente, publicada no canal de Youtube do Planalto, Bolsonaro considera que os eventuais números do desemprego são fruto da informalidade. O IBGE esclarece, porém, que a Pnad Contínua considera todo tipo de ocupação em seu levantamento.

A taxa de desocupação é referente à força de trabalho nacional. Nela, estão inclusos brasileiros acima de 14 anos que se enquadram em determinados fatores.

Renda média não caiu

Dados do IBGE também mostram que não houve “perda de renda” média para os trabalhadores brasileiros no ano, incluídos os informais.

Entre maio e julho de 2020, o rendimento médio do trabalhador brasileiro foi de R$ 2.900, o maior da série histórica (iniciada em 2012). A quantia supera em R$ 219 o mesmo trimestre do ano anterior.

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