A JSL (JSLG3) divulgou ao mercado nesta quarta-feira (6) os resultados financeiros do segundo trimestre deste ano (2T25), apresentando aumento na receita líquida, resultado do desempenho operacional, com crescimento também no lucro líquido ajustado quando comparado a uma base similar. A receita líquida da companhia alcançou R$ 2,38 bilhões, alta de 11,1% em relação ao mesmo período de 2024, puxada pela receita líquida de serviços, que cresceu 9,7% na base anual, totalizando R$ 2,27 bilhões.
Já o Ebitda ajustado, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, somou R$ 491,7 milhões no 2T25, um avanço de 23% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (2T24), com margem de 21,6% sobre a receita líquida de serviços, 2,4 pontos percentuais acima do registrado no 2T24. O resultado, diz a companhia, é graças aos ganhos de escala e controle de custos, mesmo diante de um ambiente macroeconômico considerado “difícil” pela equipe financeira da empresa.
“É um cenário bastante instável, considerando os desafios que enfrentamos no Brasil, as guerras pelo mundo e algumas decisões unilaterais dos Estados Unidos. Mesmo assim, temos conseguido aproveitar bem as oportunidades”, diz o CEO da JSL, Ramon Alcaraz.
O lucro antes de juros e impostos (Ebit) ajustado, por sua vez, cresceu 15,2% na comparação anual e totalizou R$ 310,2 milhões, com margem de 13,6%, levemente acima do patamar de 13,0% de um ano antes. “Quando falamos de lucro, ele é pressionado principalmente pelo custo financeiro, devido à alta taxa de juros. Mesmo assim, o lucro ajustado está 10% acima do ano passado”, completa.
Na linha do lucro, a leitura correta depende da base de comparação: embora o lucro líquido reportado tenha recuado, o diretor financeiro (CFO) da JSL, afirma que o lucro líquido ajustado, desconsiderando efeitos não recorrentes, cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No 2T24, o lucro ajustado foi de R$ 33 milhões, após exclusão de um crédito extraordinário de R$ 150 milhões relacionado à tese tributária do Sistema S (Serviço Social da Indústria, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e demais entidades do sistema), reconhecido na ocasião após decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Já no 2T25, o lucro líquido ajustado somou R$ 36,3 milhões. Para Sampaio, essa é a comparação “banana com banana”, ou seja, entre números ajustados em ambos os trimestres. A margem líquida ajustada ficou estável, em 1,5%.
A companhia informa que os números ajustados excluem efeitos não recorrentes, como a baixa de mais-valia alocada no custo de venda de ativos (impacto de R$ 3,7 milhões no Ebitda e R$ 2,4 milhões no lucro líquido) e a amortização de ágio e mais-valia das aquisições (com impacto adicional de R$ 18,8 milhões no Ebit e R$ 12,4 milhões no lucro líquido). No total, os ajustes somaram R$ 4 milhões no Ebitda, R$ 23 milhões no Ebit e R$ 15 milhões no lucro líquido no 2T25.
Alcaraz diz que a maior parte da melhora nos números do balanço financeiro vem da redução de custos, por meio de plano austero de redução de custos. O CEO explica que a JSL renegociou preços com fornecedores para compensar o aumento nos custos dos insumos, repassando parte dessa alta.
Além disso, a empresa enfrenta custos antecipados no ramp up — início e crescimento — de novos contratos, o que pode impactar temporariamente os resultados. Quando esses projetos entram em operação plena, afirma ele, tendem a apresentar margens mais elevadas, contribuindo para a melhora financeira da companhia. “Eficiência significa fazer mais com menos: otimizar recursos, reduzir pessoas, melhorar rotas para usar menos caminhões ou veículos leves e evitar deslocamentos vazios. Isso gera aumento de margem de forma direta”, detalha.
Números acumulados
Na comparação com o primeiro trimestre de 2025 (1T25), a JSL também mostrou evolução. A receita líquida cresceu 2,7%, enquanto o Ebitda ajustado avançou 7,3%. Já o lucro líquido ajustado recuou 19,6% frente aos três primeiros meses do ano.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, a JSL alcançou R$ 4,7 bilhões de receita líquida, alta de 11,6% frente aos R$ 4,2 bilhões de igual período de 2024. O Ebitda ajustado cresceu 18,6%, atingindo R$ 950 milhões, e o Ebit ajustado subiu 10,8%, para R$ 609,1 milhões. Já o lucro líquido ajustado acumulado no semestre foi de R$ 81,7 milhões.
Outro destaque foi o forte recuo no capex líquido (investimentos líquidos em capital), que caiu de R$ 151,4 milhões no 2T24 para R$ 17,6 milhões no 2T25, uma retração de 88,4%. Segundo o CFO, essa redução foi intencional e é fruto de uma política de alocação de capital mais seletiva e disciplinada. “O capex foi reduzido de forma planejada, não houve postergação ou atraso de projetos estruturantes”, diz Sampaio.
No acumulado do ano, o capex líquido foi de R$ 82,4 milhões, frente a R$ 593 milhões em igual período de 2024.
Recomendação
Antes do resultado, o Itaú BBA manteve recomendação de compra (outperform) para as ações da JSL (JSLG3), com preço-alvo de R$ 7 para o fim deste ano, em relatório divulgado após reunião com a diretoria da companhia e um grupo de investidores.
Segundo os analistas, a empresa sustenta um modelo de negócios forte, com demanda estável em todos os segmentos, mesmo diante de um ambiente de juros elevados no Brasil. A expectativa é que a combinação entre maior eficiência operacional, expansão da base de contratos e um balanço mais leve continue favorecendo os resultados nos próximos trimestres.
Na visão do banco, a JSL tem amplo espaço para crescer, mesmo após registrar uma taxa média de crescimento anual de 20% na receita entre 2019 e 2024. Com uma participação de mercado considerada pelo BBA como ainda baixa no Brasil, a companhia deve se beneficiar da ampliação de contratos com clientes estratégicos e das oportunidades de cross-sell (vendas cruzadas) decorrentes das aquisições recentes, como FSJ e Fadel.
O Itaú BBA também vê espaço para ganhos de margem com a expansão do segmento asset-light, que exige menor investimento em ativos próprios e pode acelerar o processo de desalavancagem financeira.
Os analistas também mantiveram a estimativa de alta de 8% na receita em 2026.