No Brasil, diversas entidades e movimentos sociais se dedicam, de forma constante, a combater a violência contra a mulher. Realizam protestos, campanhas de conscientização e buscam ações efetivas para proteger as vítimas e prevenir novos casos. No entanto, essas manifestações, em geral, ocorrem apenas quando a violência atinge mulheres cujas histórias podem gerar visibilidade para as causas, possibilitando postagens nas redes sociais e sendo mais palatáveis para os jogos de interesse político.
No entanto, 24 horas após a violência extrema cometida por um grupo de indígenas Pataxós contra a motorista capixaba Elaine Tschaen, de 40 anos, nesta segunda-feira (07), no trevo do Monte Pascoal, no extremo sul da Bahia, nenhuma entidade sequer se manifestou em defesa da vítima.
Elaine é uma mulher trabalhadora, mãe, que, ao terminar uma entrega com seu caminhão na cidade de Eunápolis, tentava voltar para sua casa, em Domingos Martins, no Espírito Santo, para ver seu filho. Contudo, ela se deparou com um protesto selvagem que durou mais de 40 horas. Seu veículo de trabalho foi destruído, incendiado e ela foi arrancada à força de dentro dele. Foi hostilizada, maltratada e torturada por horas por seus agressores, em plena rodovia, enquanto motoristas e famílias assistiam, impotentes, ao sofrimento daquela mulher.
Elaine perdeu tudo e, por pouco, não perdeu a vida. O Estado, em sua total omissão, perdeu o controle da situação. As entidades e movimentos sociais, por sua vez, se calaram. Mas, se a vítima fosse uma indígena, o mundo do jornalismo estaria em polvorosa. Certamente, o ministro Ricardo Lewandowski já teria enviado a Força de Segurança Nacional para a região e a imprensa, em peso, teria se mobilizado. O solo da Terra Mãe estaria sendo pisoteado pelos coturnos das polícias, e a pressão sobre as autoridades seria imensa.
Agora, fica a pergunta: quem julgará os responsáveis pela tortura a que Elaine Tschaen foi submetida? Quem vai pagar o valor do seu caminhão? Quem vai compensá-la pelo medo, pelas ameaças, pelos constrangimentos e pela dor física que sofreu? As entidades se calam, omissas diante da Gravidade da violênciasparada da violência contra uma mulher trabalhadora e indefesa. Mas, por que se calam? Porque o Brasil se tornou uma pátria adormecida, atolada nas incertezas, onde a vida de uma mulher parece ser um detalhe quando comparada aos jogos de poder e interesse.
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