Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo, 6, mostra um crescimento da percepção de que a economia brasileira piorou. De acordo com o levantamento, esse índice chegou a 55% da população. É a primeira vez, no terceiro mandato de Lula (PT), que essa percepção representa a maioria dos entrevistados.
O avanço do pessimismo está ligado, principalmente, à migração de pessoas que antes viam estabilidade no cenário. A parcela que não via mudança caiu de 31% para 23%. Já os que percebem melhora na economia oscilaram de 22% para 21%, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.
A insatisfação é maior entre jovens de 16 a 24 anos (61%), pessoas com ensino médio (60%) e quem ganha mais de dez salários mínimos (60%).
Também pela primeira vez no atual governo, a maioria acredita que a economia seguirá piorando: são 36%, contra 28% em dezembro. Os que esperam melhora caíram de 33% para 29%, e os que não preveem mudanças passaram de 37% para 32%.
Situação pessoal e inflação
Quando o foco é a situação econômica pessoal, o pessimismo é mais brando. A maioria ainda afirma não ter sentido mudanças (39%). Em seguida vêm os que notaram piora (34%, ante 27% em dezembro). Os que viram melhora caíram de 29% para 27%.
Entre os mais afetados estão desempregados (47%), empresários (43%) e estudantes (37%). Funcionários públicos (26%) e aposentados (27%) são os que menos percebem piora. Pela primeira vez, menos da metade dos entrevistados (48%) acredita que sua situação pessoal vai melhorar nos próximos meses.
A expectativa em relação à inflação também recuou. A fatia que prevê alta nos preços caiu de 67% para 62%. Ainda assim, o temor segue dominante. Apenas 14% esperam queda da inflação, e 21% acreditam em estabilidade. A pesquisa foi feita entre 1º e 3 de abril, com 3.054 entrevistas em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O maior patamar para fevereiro
O IPCA, índice considerado a inflação oficial do país, acelerou 1,31% em fevereiro, o maior patamar para o mês desde 2003, há 22 anos.
Com o resultado, o IPCA ficou 1,15 ponto percentual acima da taxa de janeiro, quando foi de 0,16%.O IPCA-15, índice que mede a prévia da inflação, desacelerou de 1,23% em fevereiro para 0,64% em março.