Bahia, 26 de Dezembro de 2024
Por: clickpetroleoegas.com
08/12/2024 - 07:07:10

Após anos de muitas negociações, o Governo da Bahia e um consórcio chinês chegaram a um acordo que prevê investimentos de R$ 9 bilhões na mega ponte Salvador-Itaparica. O anúncio marcou um importante passo para um projeto que promete transformar a mobilidade e a economia da região.

Renegociação para destravar a obra

O contrato original, assinado em 2020, previa um custo de R$ 6,3 bilhões, com R$ 1,5 bilhão de recursos públicos e uma contraprestação anual de R$ 56 milhões por 30 anos.

No entanto, a pandemia elevou os custos da construção civil, levando o consórcio chinês – formado pelas empresas CR20 e CCCC – a solicitar um reequilíbrio financeiro.

A estimativa inicial foi revisada para R$ 13 bilhões, mas o governo baiano rejeitou os termos, resultando em meses de impasse.

Com a nova proposta, ajustada para R$ 9 bilhões, os pontos críticos do contrato foram repactuados, incluindo o seguro de demanda, que determina compensações financeiras caso o fluxo de veículos fique abaixo do esperado.

A solução agora depende da aprovação do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), que analisa os detalhes finais.

Diálogo estratégico com a China

A relação diplomática entre Brasil e China desempenhou papel importante no avanço das negociações. O projeto foi incluído na pauta de reuniões entre o presidente Lula e o líder chinês Xi Jinping durante o G20.

“Esse ponto entrou no diálogo com o governo chinês e ele será tratado como um projeto prioritário tanto do governo do Brasil, como do governo chinês”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Cronograma e Impactos

O início das obras civis está previsto para os próximos meses, e a conclusão deve ocorrer em até quatro anos.

Quando finalizada, a ponte Salvador-Itaparica será a segunda maior do Brasil, ficando atrás apenas da Rio-Niterói, e a maior da América Latina em extensão sobre lâmina d’água.

Além de reduzir o tempo de travessia para cerca de 15 minutos, a ponte trará benefícios logísticos significativos.

A distância entre Salvador e destinos turísticos no sul da Bahia, como Ilhéus, será encurtada, tornando as viagens terrestres mais rápidas.

No entanto, a obra não está isenta de críticas. Ambientalistas alertam para os impactos nos manguezais e possíveis danos ao ecossistema local. Já a população da Ilha de Itaparica teme o crescimento urbano desordenado.

Obstáculos da mega ponte

Apesar do clima otimista, o projeto ainda enfrenta desafios importantes. Representantes dos portos expressaram preocupações com o possível aumento de custos operacionais.

Além disso, a população local e setores ambientais seguem atentos aos desdobramentos do empreendimento.

O governador Jerônimo Rodrigues ressaltou a importância da aprovação pelo TCE para garantir a continuidade do projeto. “Fechamos um acordo entre governo e consórcio. Agora, o documento está sendo analisado. Torço para que ainda este ano possamos avançar”, declarou.

Infraestrutura complementar

O projeto não se limita à construção da ponte. Ele inclui a duplicação da rodovia BA-001 e a criação de uma nova via expressa com 22 quilômetros entre Mar Grande e Cacha Pregos.

Em Salvador, uma estrutura conectará as regiões da Calçada e Água de Meninos, com viadutos e túneis que facilitarão o acesso.

As obras de sondagem do solo já estão em andamento, com 40% concluídas. A análise, realizada com duas balsas na Baía de Todos-os-Santos, é fundamental para a fundação dos 160 pilares que sustentarão a ponte. A expectativa é de que essa etapa seja finalizada até março de 2025.

A nova infraestrutura promete impulsionar o turismo e a economia local, aumentando o fluxo diário de veículos para 28 mil. Cidades do Baixo-Sul, como Morro de São Paulo e Boipeba, estarão mais conectadas à capital, favorecendo o desenvolvimento regional.

No entanto, especialistas apontam que os desafios vão além dos números. As preocupações com sustentabilidade e preservação ambiental continuam no centro do debate. Por outro lado, os avanços tecnológicos e a parceria com a China colocam o projeto como um marco na infraestrutura brasileira.

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